quinta-feira, setembro 30, 2004

Eletroprovadesastre

A professora concebeu a prova durante a TPM. Descobriu que o melhor é fazer os alunos terem cólicas. Quase trinta criaturas se contorcendo. Soberana sentada em sua classe maior, passa a mão sobre o ventre e não dá nem sinal de arrependimento. Apenas suspira...

terça-feira, setembro 28, 2004

Ensinamentos de Cartoons

Cada farelo muito bem distribuído:
Um para você, um para mim; dois para você, um dois para mim; três para você, um dois três para mim...

sábado, setembro 25, 2004

Videbula

Cápsulas de conteúdo suspeito.
Importante não cortar o efeito.
Abóbora Ritalina.

quarta-feira, setembro 22, 2004

Santinha do Pau Oco

O altar das divindades.
Aquela imagem de santa com seu véu.
Encobrindo patinhas de cabrito e quando as velas são acesas, os olhos barrocos ficam avermelhados e os chifres salientes.
A sombra ainda engana.
O rabo em seta balança feito corda para infantes brincarem.

terça-feira, setembro 21, 2004

Para quem fica

Hora mágica. 23:23, hora de partir!
Dessa vez não precisa olhar para a esquina, a cidade inteira já está queimando. Você vai deixar pedaços, confetes de suas alegrias e o som do teu caminhar. Aquele jeito leve de saber se movimentar, de entender o próprio corpo, da linguagem da pele. Quem não vai lembrar das tuas curvas lascivas coloridas, salpicadas de maresia, infestadas de más intenções?? Do olhar sem ângulos, de negras esferas sinceras que te enfeitam. Não haverá saudade. Teu legado é muito maior.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Trio Ternurinha

Ela não sente mais o coração. Carrega seus próprios talheres por questões de intimidade; o garfo, a faca e a colher. Não tem a mínima vergonha de desenrolar do veludo negro, enquanto o jantar ou o almoço é servido em um lugar qualquer.
Seus fiéis companheiros, à noite eles conversam sobre o que vale permanecer ao lado dela. O garfo escolhe, a faca destrincha e a colher apenas cava buracos para enterrar os restos.

domingo, setembro 19, 2004

Feriado

Lígia é o nome. Amarelo Manga é o filme.

quinta-feira, setembro 16, 2004

Estratégia

Trate de esconder essas pernas, essa maldita mini saia atrapalha meu campo de visão.

terça-feira, setembro 14, 2004

Amor

Não se trata de um carnaval, muito menos de tempestades em pequenos compartimentos de colocar líquidos. É apenas espontâneo.

Freelove

Terça, chuva, volume 50 na 29 polegadas e David Gahan canta:

"And I'm only here
To bring you free love
Let's make it clear
That this is free love
No hidden catch
No strings attached
Just free love"

domingo, setembro 12, 2004

Ainda coçam?
Mais ou menos, tem dias que ficam avermelhadas.
Sei...
E por acaso você lembra qual foi a última?
Melhor não falar sobre isso.
Por que?
Porque ainda dói.

Verão 82

Se pudesse voltar no tempo, estaria embaixo da parreira de uvas, com as abelhas zunindo e meus brinquedos favoritos. A pilha (aquela que tinha um gato preto), o cadeado (que se chamava Batista) e o jipe azul.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Organizando meu quarto, encontrei uma fita cassete que havia gravado a trilha sonora do The Lost Highway. Angelo Badalamenti, Trent Reznor, David Bowie, Jobim e Smashing Pumpkins.
Só consegui ouvir um lado da fita, era um bombardeio de lembranças que foi melhor trocar a fita pelo cd Radiohead, se é para doer faça logo sangrar.


That there
That's not me
I go
Where I please
I walk through walls
I float down the Liffey
I'm not here
This isn't happening
I'm not here
I'm not here
In a little while
I'll be gone
The moment's already passed
Yeah it's gone
And I'm not here
This isn't happening
I'm not here
I'm not here
Strobe lights and blown speakers
Fireworks and hurricanes
I'm not here
This isn't happening
I'm not here
I'm not here

segunda-feira, setembro 06, 2004

Sabor Cólera Agridoce

A mão se estendeu e a palma se abriu, deixando os dedos em linha reta na minha direção.
Esboçou um sorriso de poucos dentes e falou seu nome, como se eu já não soubesse seu nome. Lembrava sempre das capas de literatura barata, eróticos para senhoras de meia idade de papel jornal. Estiquei meu braço e segurei firme, olhei nos olhos e não sorri. Momento único, lembrei dos telefonemas na madrugada, lembrei dos e-mails de poesia chavão, assinados com abreviações dos tempos modernos "Tamo" e da foto do palhaçinho. O sangue veio nas amígdalas, preencheu minha boca ao ponto da minha língua boiar sobre o líquido quente. Apertei com toda força aqueles dedos que estavam sobre o meu poder, e aconteceu o esperado. Um grito suficiente alto para que a boca ficasse aberta, o vômito de hemoglobina jorrou para o lugar esperado. Os poros absorviam tudo o que não foi por via oral, parecendo um imã venoso. A sangria estava completa. A dor, a mentira e o sarcasmo, voltaram para casa.

Mateus 5:29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.

domingo, setembro 05, 2004

A futilidade pariu sua cria. Bela , astuta, mas vazia.

sexta-feira, setembro 03, 2004

Extraordinário mundinho cultural, você faz parte?
Acho divertido a fauna de mudernos espalhados pela cidade, com seu hábito de beber espumantes ao invés de champagne. De achar que todo poeta da nova geração, ostenta um topete ou um cabelinho despenteado, esculpido com cera importada desses lugares que penteiam pessoas. Que se divertir, é passar mais da metade da noite abraçando supostas celebridades, que escrevem para o pasquim da cidade e claro registrando tudo na digital. Que as melhores festas, são aquelas que tocam só anos 80, e se não tocar "menina veneno" o DJ é sem noção. Lançar moda, é usar acessórios que sua bisavó usava na adolescência. Escutar louge music (não é Brian Eno) e sentar em almofada inflável é uma delícia. E finalizando as citações, até porque são diversas, dizer que estava em SP à trabalho mas estava morrendo de saudade da terrinha.

quinta-feira, setembro 02, 2004

Garganta Afiada


Estigmatizada pelo pai, decidiu que quando se tornasse adulta faria facas.
Seus ossos se alongaram e sua pele esticou. Estudou a ciência das formas e foi parar na cutelaria mais importante da província. Sua familiaridade com as lâminas admirava a todos, ganhava adeptos por onde passava, se sentia protegida no meio de todo aquele aço carbono.
Até que um dia, levou para casa uma de suas criações. Colocou sobre a cama, encostada no travesseiro de seu único amor. Fez das minhas roupas bainhas para o seu punhal

Porta Retratos

Enfim, acabou! Aquelas brigas de segunda -feira, de quem perdeu o sorteio.
Quando imagino de não ter que olhar para a cara daqueles atendentes, no balcão de vidro trazendo aqueles envelopes coloridos. E pensar que a cada semana era um estabelecimento diferente. Como era cansativo, andar por aqueles bairros distantes. Frescura sua, que achava que iriam marcar a nossa fisionomia. Me lembro da cara daquela senhora, que usava uma medalhinha de santinho, quando me entregou o pacote vermelho, e eu resolvi conferir. Ela falou entre os dentes, algo “aqui não, por favor!”. Aí eu comecei a crer, o quanto se tornavam perigosos os nossos finais de semana. Mas o pior mesmo foi quando você voltou das férias, 30 dias no Rio, 3 dias no meu quarto, 72 poses de Kodak ultra , ultramente pornográfico. E a sua prima era a mais nova atendente daquela lojinha da esquina, e você fez questão de ir pessoalmente buscar, afinal eu tinha matado aula para levar os registros das últimas 72 horas de nossas vidas. E vai dizer que você conseguiu esquecer aquela frase sonora, “saíram todas as 72 fotos”, junto com o sorriso da sua prima balançando aquele pacotinho vermelho?
Mas como cansei dessa vida de peregrinação reveladora fotográfica, acabo de presentear-me com um brinquedinho digital, 5 mega pixel para ilustrar todos os detalhes, cartão de memória que pode ser apagado, tecnologia a serviço do prazer. Só não inventa de querer fotolog!