sábado, outubro 30, 2004

Criado mudo ostenta um belo abajur de formas bizantinas e grilhões oxidados.
Os pulsos finos sofrem e sangram, as correntes ajudam a falta de ar, se contorce e ergue os braços, abre as pernas, chama o nome daquele que já partiu, chora.
Suplica o contato, se aproxima sussurrando monossílabas, coloca um dos braços ao redor da minha nuca, sinto o peso dos elos antigos, ferro maltratado pelo passar do tempo. O beijo é saliente, demorado e faz cansar o maxilar.
Tua retina não tem mais espinhos e minhas cicatrizes não coçam mais quando eu adormeço.

segunda-feira, outubro 25, 2004

Só há uma vontade absurda de atravessar as paredes.
Troca teu beijo pela minha arritmia cardíaca??

sexta-feira, outubro 22, 2004

Caminho interrompido de transtorno bipolar, forma a fila dos desajustados que sofrem do mau adquirido, herança dos espirais de DNA . Faltam pares, sobram cromossomos. Eu não sei contar até 23, parei no 11, já está de bom tamanho.
O medo de abrir as janelas mantém o sala escura.
Conforto premeditado evita constrangimentos e não atiça os lobos.
A rua continua infestada de delicados pecados.
Não rezo mais o seu terço e não dependo mais da sua aprovação.
Se não há cura, há bálsamo.

quarta-feira, outubro 20, 2004

Você me amou como a uma nuvem, não como a uma sombra. Joca Reiners Terron

Essa belíssima frase é o desfecho de um conto, Na Medida do Impossível do Sr. Joca Terron. Acordei com ela martelando a minha cabeça.

segunda-feira, outubro 18, 2004

Sleeping With Ghosts II

Apenas um movimento sutil e rotineiro para desabotoar sua armadura.
Sabota minha ingenuidade, coloca minhas artérias em colapso.

domingo, outubro 17, 2004

Sleeping With Ghosts

Madrugada de Domingo.
Eu, você e Molko.

The sea’s evaporated
Though it comes as no surprise
These clouds we’re seeing
Their explosions in the sky
It seems it’s written
But we can’t read between the line
HushIt’s okay
Dry your eye

Dry your eye
Soulmate dry your eye
'Cause soulmates never die

This one world vision
Turns us in to compromise
What good’s religion
When it’s each other we despise?
Damn the government
Damn their killing
Damn their lies
Hush, It’s ok
Dry your eyes


Soulmate dry your eyes
'Cause soulmates never die

sexta-feira, outubro 15, 2004


Ainda não achei sentido para diálogos noturnos em ônibus de faculdade. Você senta estrategicamente no fundão, pois já está praticamente lotado e por falta de baterias no discman é obrigado a ouvir as conversas das 22:47.
O assunto era sexo, detalhe, as pessoas não se conheciam porque as vezes rolava a típica pergunta; ... mas fulano, como é teu nome mesmo??!...O melhor foi quando começou o discurso do Sr. Bom de cama: ... mas entre 4 paredes tudo é permitido...
Foi uma aula fantástica sobre posições, uso da língua e tudo que se pode imaginar seguido de risadinhas e muitos hormônios, durante intermináveis 35 minutos. Eu queria ser Michael Douglas em Um Dia de Fúria.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Caramelo colosso contaminado de doçuras infantis.
Algodão embaraçado no vento derrete na boca.
Junto com 500mg de substâncias viciantes, merendinha esquizofrênica.
A saliva viscosa de açúcar, dissolve lentamente o pequeno amargo. A língua distribui a massa delirante, que encontra o seu caminho.
Existe luz no fim do túnel. Ela desce agora na sua traquéia.

sábado, outubro 09, 2004

Acordou na casa de Miguel, por conta da noite anterior.
Partiu uma de suas asas enquanto apostava uma corrida com Lúcifer.
Aquele considerado “caído”, de asas podadas pelo Poderoso venceu sem trapaças.
Rafael com todo a sua envergadura tombou, imaginava que o percurso era retilíneo.A reta final era uma curva.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Falta pouco para os robôs e a Sra. Harvey.

quinta-feira, outubro 07, 2004

Paciência tibetana para encaixar peças assimétricas.
Conselho de silêncio profundo.
Já explodiu faz tempo.
Nem mesmo os suplementos a base de zinco podem te salvar.
Carrasco sintético, neurônios em batalhas por sinapses perfeitas.

terça-feira, outubro 05, 2004

O silêncio é a espinha atravessada na garganta.