sábado, outubro 30, 2004

Criado mudo ostenta um belo abajur de formas bizantinas e grilhões oxidados.
Os pulsos finos sofrem e sangram, as correntes ajudam a falta de ar, se contorce e ergue os braços, abre as pernas, chama o nome daquele que já partiu, chora.
Suplica o contato, se aproxima sussurrando monossílabas, coloca um dos braços ao redor da minha nuca, sinto o peso dos elos antigos, ferro maltratado pelo passar do tempo. O beijo é saliente, demorado e faz cansar o maxilar.
Tua retina não tem mais espinhos e minhas cicatrizes não coçam mais quando eu adormeço.