domingo, março 20, 2005

Segura, valente!
Determinados os espaços para cada um, acomodados de forma que ninguém atrapalhava ninguém. Uma espécie de condomínio bem organizado, onde não era possível ocupar parte do espaço do outro. Mesmo assim, se sentia injustiçado e não conseguia suportar toda a pressão da vizinhança. Sempre era o culpado, acabava forçando um colapso generalizado e sofria. Começava a empurrar os outros, e claro os primeiros a reclamar eram os pulmões. Ia mais para o lado direito, se encolhia, aí as costelas também se irritavam. O pobre infeliz, nervoso, alterava as artérias de uma tal maneira, que a pressão subia e a dor de cabeça prejudicava a visão. Certo que quando os olhos não ajudavam, o equilíbrio ia para o espaço e o estomago com sua acidez para dissolver um crocodilo trabalhava incessantemente. O que dizer da bílis, essa então era o puro desespero. Depois de tantas queixas, que deslizavam pelos nervos da coluna vertebral , aquele que se dizia mestre, o cérebro, gritou alto e pediu para que se acalmasse, que bater forte ou se espremer por entre o peito não iria mudar nada. E o coração em um surto de fúria avisou: pare você de me bombardear com essas malditas lembranças que armazenas, ocupando teu preciso espaço com passado que só me faz sofrer, olhe é a última vez que te digo isso, dá próxima te aplico um aneurisma, e aí tu vai ficar bem quietinho.