quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Meu ultimo presente


MARINA TSVIETÁIEVA

O amor - (sem inchaço
retórico) - é sutura.

Sutura - não curativo
Sutura - não armadura
Sutura: costura-se o morto
-euemvocê - à sepultura.

(Tempo, incisão, pontos:
firmes ou frouxos?)

Por fim, amigo - vai-se
a costura! Estilhaços!
- menos pena - a fratura!

Sem infecção: sob os pespontos,
vida vermelha nas veias!

Quem rompe primeiro
não perde o poder.
Bairro, subúrbios - frentes
e frontes de ruptura.

Nos bairros - saltam miolos!
(Na periferia - forcas).

Nada perde quem rompe
e parte ao raiar do dia.
Costurei-lhe uma vida
à noite, não rematei de dia.

2 comentários:

Giovani Iemini disse...

Hei, que poesia interessante.
"Sutura: costura-se o morto
-euemvocê - à sepultura."

É extremamente original! E meio genial por perceber uma visão tão interessante.

Fera.
[]s

Ana Paula disse...

Marina é incrível.