sábado, janeiro 24, 2009

Hilda

Costuro o infinito sobre o peito
e no entanto sou água fugidia e amarga
e sou crível e antiga como aquilo que vês:
pedras, frontões no Todo inamovível.
Terrena, me adivinho montanha algumas vezes.
Recente, inumana, inexprimível.
Costuro o infinito sobre o peito.
Como aqueles que amam.

_________________________________

Penso linhos e ungüentos
Para o coração machucado de Tempo.
Penso bilhas e pátios
Pela comoção de contemplá-los ( e de te ver ali à luz da geometria de teus atos.)
Penso-te
Pensando-me em agonia.
E não estou.
Estou apenas densa.
Recolhendo aroma, passo
O refulgente de ti que me restou.

Hilda Hilst

2 comentários:

Diego. disse...

Gostei da cara nova da sua casa, ácido, picante, provocante e intenso!

"costuro o infinito sobre teu peito"

me parece inebriado amor... não te deprecie tanto, te permita vez que outra sorrir e sonhar!

grande beijo!

Ana Paula disse...

Nem sempre as palavras de Hilda causam o mesmo efeito... Admiro tudo o que ela faz.

Bj!