sexta-feira, junho 03, 2005


As mãos escorregaram sobre o volante, passou para a quinta marcha olhando o retrovisor, vendo o passado se afastar sorrindo sarcasticamente. Avistava os lábios secos e ansiosos do espelho que ficava quase sobre sua cabeça, chorava porque mentia. Gargalhava de forma repulsiva, e na curva, desatinada, sentiu partes da carcaça metálica lhe atravessarem a carne flácida que cobria os ossos. Com aqueles os olhos esbugalhados ficou a fitar o espelho, a boca já sem os dentes ainda ria. Os caras do seguro ficavam dizendo que o "sinistro" era aquela cara e não o que restou do "autinho que mamãe deu".