segunda-feira, setembro 03, 2007

Leve também as flores do vaso... aquele perto da poltrona, até parece que existe outro vaso nesta sala. Assim ela disse.
Sem modéstia de palavras ou qualquer delicadeza esperada. Tudo que tivesse alças e servisse para transportar eram jogados sobre a cama. Tentava facilitar e ao mesmo tempo cultivava um pequeno martírio, apressando e exigindo uma saída nada indolor. Contabilizava os cabides pelas cores, os pretos deveriam permanecer, os outros se espalhavam pela sacada. O lembrete para que as flores também partissem foi o único diálogo, o restante era um som de abrir e fechar portas, gavetas e passos paralelos. Linhas que não se cruzavam mais, que seguiam a se fiscalizar e arbitrar a divisão dos poucos bens. As mochilas já estavam na porta, e as flores no bolso da jaqueta. Um aperto de mãos e uma pausa silenciosa. Por trás daqueles ombros desnudos avistava um caos com pouca luminosidade, livros que não voltaria para buscar, a camisa de dormir, a casa...
O último pedido saiu. A mão alcançou o bolso e um punho de lírios novamente foi entregue. Eles ainda continuam bonitos como na semana passada... Mas eu não. Assim ela disse.

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